Após queda da ponte entre MA e TO, cidade de Estreito sofre impactos negativos na economia
13/01/2025
Lojas, mercados e restaurantes, segundo os empresários, já estão sentindo a queda na procura por bens e serviços, que movimentavam a economia local. Após queda da ponte entre MA e TO, cidade de Estreito sofre impactos negativos na economia
Reprodução/TV Mirante
As buscas e resgate, por meio de mergulho, das três vítimas que seguem desaparecidas, após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, continuam suspensas até sexta feira (17), por causa da vazão das comportas da usina hidrelétrica de Estreito. Durante esse período, as buscas seguem com o uso de drones aéreos e embarcações.
Enquanto as famílias das vítimas sofrem a angústia de não encontrar seus entes queridos, a cidade de Estreito, no Maranhão, que era ligada a Aguiarnópolis (TO) pela ponte JK, está com a economia enfraquecida por causa da tragédia.
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Lojas, mercados e restaurantes, segundo os empresários, já estão sentindo os impactos negativos na economia.
Após queda da ponte entre MA e TO, cidade de Estreito sofre impactos negativos na economia
Reprodução/TV Mirante
O comerciante cearense Valmir chegou ao Maranhão há mais de dezasseis anos, logo depois da inauguração da ponte e destaca a importância da obra.
"A ponte trouxe recurso para Estreito, cresceu, o povo tudo ficou rico", destaca o comerciante.
A ponte fazia parte de dois corredores rodoviários importantes: Belém, Brasília e Transamazônica, rotas de escoamento da produção de milho e soja, vinda de estados como Mato Grosso, Pará, Tocantins e Piauí.
Pelo corredor viário passavam, todos os dias, cerca de duas mil carretas, além de ônibus de turismo e veículos pequenos vindos de outros estados. Era uma demanda gigantesca por produtos e serviços que movimentavam a economia. Mas, agora, está tudo parado.
Segundo a Associação Comercial de Estreito, cerca de 70% das empresas da região estão voltadas para atender a demanda do transporte rodoviário.
Darlan Dório, que tem uma empresa de representação comercial de caminhões e acessórios e de manutenção de veículos pesados, está sentindo o impacto da redução na procura por serviços. Segundo ele, dois funcionários tiveram que ser demitidos e outros dez estão de férias coletivas.
"Agora era a época deles (os caminhoneiros) estarem consertando os equipamentos, para preparar pra safra que está chegando agora, a partir do final de fevereiro. Agora era o momento de faturar, agora seria o nosso melhor momento", lamenta o representante comercial.
Um posto de conbustível, que costumava abastecer até 200 carretas por dia, nessa época do ano, agora o número não chega a 30.
"Nós estamos em torno de 80 a 85% de queda, é uma queda muito grande, muito significativa", destaca Rudney Oliveira Silva, gerente do posto.
O prejuízo não é apenas para o comércio, a população que precisa da ponte para trafegar pela BR-226 também está sentindo pesar no bolso. Como é o caso do caminhoneiro , o qual teve que mudar a rota para ir de Tailândia, no Pará, a Recife. Sem a ponte, são 370 quilômetros a mais na viagem.
"Gasto de combustível, desgaste do veículo, de peças, de pneu. A gente também que aumenta a distância, o cansaço aumenta, a jornada aumenta", lamenta o caminhoneiro Ieves Bezerra da Silva.
Na cidade maranhense de Carolina, uma das rotas de travessia por balsa, o tempo de espera chega a duas horas. O preço do embarque é de R$ 25 para automóvel e de R$ 294 para uma carreta com dois ou mais compartimentos.
Após queda da ponte entre MA e TO, cidade de Estreito sofre impactos negativos na economia
Reprodução/TV Mirante
A operação das balsas para travessia de pedestres e de veículos entre Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, disponibilizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ainda não tem data certa para começar. Como a estrutura de atracadouros não está pronta, falta autorização dos órgãos reguladores.
" A balsa ela não suporta a demanda. Então nós temos um gargalo, a economia da cidade (Estreito) está parada. A cidade, em particular, é um corredor logístico, então nós precisamos, com urgência, restabelecer isso", destaca o administrador Jardel Dequigiovanni.
Comércio sente impacto negativo após queda da ponte Juscelino Kubitschek
Investimento financeiro
Uma ação do Banco do Nordeste, em parceria com o governo do Maranhão, Prefeitura de Estreito e a Associação Comercial da cidade pretende minimizar os impactos econômicos provocados pelo desabamento da ponte.
Entre as medidas, está a abertura e a renegociação de operações de crédito a micro, pequenos e médios empreendedores de Estreito.
"De maneira especial, nós conseguimos com a diretoria do Banco do Nordeste a autorização para operações de capital de giro, com carência de até 24 meses, prazo total de 84 meses. Esses recursos, garantidos por um fundo especial, que faz parte do Banco do Nordeste. E, também, fizemos contato com o Governo do Estado do Maranhão, para alocação de recursos para a operacionalização do Programa Juro Zero, onde as empresas, as micro e pequenas empresas, terão a possibilidade de crédito sem pagamento de juros. São ações como estas, juntamente com as demais feitas pelas demais instituições, que ajudarão a minimizar os impactos econômicos no município”, explicou o superintendente do Banco do Nordeste, Isaque Nascimento.
Três pessoas estão desaparecidas
Vítimas do desabamento da ponte entre MA e TO que continuam desaparecidas
Divulgação
Das 17 vítimas do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Maranhão ao Tocantins, 14 já foram localizadas e identificadas. Porém, três pessoas seguem desaparecidas.
Três pessoas ainda estão desaparecidas após queda de ponte entre o MA e TO; veja quem são elas
Os desaparecidos são Salmon Alves Santos, de 65 anos e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos que são, respectivamente, avô e neto. Além deles, o maranhense Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos também está entre os desaparecidos.
Correnteza atrapalha as operações
Três pessoas seguem desaparecidas após queda de ponte entre o MA e TO
A correnteza do rio Tocantins também gera dificuldade para o resgate dos corpos das vítimas que ainda não foram encontradas.
A suspeita é que abertura das comporta da hidrelétrica de Estreito deve ter contribuído para arrastar os corpos e materiais para mais longe do local da queda da ponte. A abertura das comportas foi necessária porque chove na região e a água represada tinha chegado no limite.
Retirada de tanques com agrotóxicos e ácido
Empresa retira 20 litros dos 20 mil de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins após queda de ponte
Divulgação/Ibama
Nessa terça-feira (7), foram retiradas 10 bombonas de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins, após o desabamento da ponte. A quantidade corresponde a 20 litros de defensivo agrícola. No total, no caminhão que transportava a carga, havia 20 mil litros do produto.
A retirada das 10 bombonas foi realizada por mergulhadores contratados pela empresa Sumitomo, responsável pela carga. O tempo de retirada da carga depende, principalmente, da situação climática.
Empresa retira 20 litros dos 20 mil de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins após queda de ponte
Divulgação/Ibama
Segundo o Ibama, as bombonas continham três tipos de agrotóxicos caíram no rio. São eles:
Carnadine (agrotóxico - ingrediente ativo: acetamiprido): usado no controle de diversos tipos pragas nas plantações;
PIQUE 240SL (agrotóxico - ingrediente ativo: picloram): recomendado para o controle de plantas infestantes;
Tractor (agrotóxico - ingrediente ativo: picloram + 2,4-D trietanolamina): usado no controle de plantas daninhas em áreas de pastagens.
Há ainda tanques com ácido sulfúrico no leito do rio Tocantins, que inclusive apresentaram um pequeno vazamento. Não há a confirmação exata do quanto vazou, porém o volume derramado não gera grandes preocupações.
De acordo com o Ibama, 63 mil litros de ácido sulfúrico que caíram no rio. Deste volume, teriam vazado cerca de 23 mil litros. O ácido é substância não inflamável, mas tem alto poder corrosivo, além de ser oxidante.
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Vítimas localizadas e resgatadas
Vítimas da queda da ponte que ligava o Maranhã ao Tocantins
Arquivo pessoal
Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO). O corpo dela foi localizado no domingo (22);
Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. O corpo dela foi localizado na terça-feira (24). Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e que caiu no rio Tocantins;
Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. O corpo dele foi localizado na terça-feira (24). Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
Andreia Maria de Souza, de 45 anos. O corpo foi encontrado na terça-feira (24). Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
Anisio Padilha Soares, de 43 anos. O corpo dele foi localizado na quarta-feira (25);
Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos. O corpo dela foi localizado na quarta-feira (25);
Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. O corpo dela foi encontrado por mergulhadores na manhã da quinta-feira (26). Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (PSD);
Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos. O corpo dela foi localizado também na quinta (26);
Alison Gomes Carneiro, de 57 anos. O vereador do PSD teve o corpo localizado na manhã de domingo (29). Ele estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia.
Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31) e estava dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília de três anos e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu a tragédia.
Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31). A menina viajava com a mãe, Cássia e com o pai, Jairo Silva Rodrigues.
Beroaldo dos Santos, de 56 anos. Ele foi retirado da água no fim da manhã de quarta-feira (1º), segundo a Marinha. O corpo dele havia sido localizado no domingo (29), dentro da água, na cabine da carreta que transportava as 76 toneladas de ácido sulfúrico.
Na manhã de sexta-feira (3), um corpo foi encontrado no rio Tocantins. Era o mototaxista Marçonglei Ferreira, de 43 anos, que trabalhava na região.
Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, natural de Palmas, no Tocantins. A identificação foi realizada em São Luís por meio de exame de DNA, realizado pelo Instituto de Análise Forense (IGF).
O desabamento
A ponte, na BR-226, desabou na tarde do dia 22 de dezembro de 2024. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do governo federal, o desabamento aconteceu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda vai ser investigada, de acordo com o órgão.
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
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Uma força-tarefa foi criada identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
Um consórcio foi contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir a ponte da BR-226, entre Tocantins e Maranhão. A dispensa de licitação de quase R$ 172 milhões prevê que a obra seja finalizada até o dia 22 de dezembro de 2025.
A ponte foi completamente interditada, e os motoristas devem usar rotas alternativas.
Situação de emergência
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no município. Um decreto, assinado pelo prefeito Léo Cunha (PL), cita a necessidade de apoio técnico e financeiro dos governos federal e estadual, já que o município estaria com falta de recursos para atender várias demandas urgentes decorrentes da queda da ponte.
Além da localização e resgate dos corpos dos desaparecidos, o prefeito cita prejuízos às atividades agrícolas e pesqueiras, além do risco de contaminação do rio Tocantins devido aos tanques de ácido sulfúrico e de pesticidas que caíram na água, com a queda da ponte.
No dia 31 de dezembro, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência na cidade de Estreito. Com essa medida, a cidade pode solicitar recursos federais para ações de Defesa Civil, dentre outras.
Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio
Arte/g1